No contexto de uma longa história de uso de ácidos graxos contra bactérias patogênicas em animais e humanos, o Aromabiotic®, o AGCM original, demonstrou sua eficácia na criação de suínos por aprimorar o desempenho dos animais em todos os estágios de desenvolvimento. A recente demonstração da capacidade dos AGCMs de atenuar a proliferação de alguns vírus encapsulados pode ter possibilitado novas aplicações para o futuro desses ácidos graxos.

As propriedades antibacterianas dos Ácidos Graxos de Cadeia Média foram historicamente comprovadas 

A primeira descrição da ação antibacteriana dos ácidos graxos foi relatada por Robert Koch em 1881, ao testar diferentes combinações de sabão contra a cepa Bacillus, que causa o Antraz. Entretanto, o sucesso dos antibióticos reduziu o interesse por essas moléculas até 1970. Desde então, a busca por entender como os ácidos graxos agem, em especial os Ácidos Graxos de Cadeia Média (AGCMs) tomou o seu lugar, e ficou comprovado que um crescente número de patógenos humanos e animais é sensível aos AGCMs (Baltić et al. 2017; Yoon et al. 2018). Desde os anos 2000, a tendência de diminuir o uso de antibióticos para evitar o aumento da resistência renovou o interesse por essa alternativa natural e confiável para controlar bactérias patogênicas de uma maneira mais sustentável.

Há muita literatura disponível sobre a ação antibacteriana dos AGCMs de diferentes comprimentos de carbono (C), os quais são chamados de ácidos Caproico (C8), Caprílico (C10) e Láurico (C12). Entende-se que o C6 e o C8 agem mais contra bactérias Gram negativas, como a E. coli ou a Salmonella, ao passo que o C10 e o C12 agem mais contra bactérias Gram positivas , como a Streptococcus ou a Clostridium. Os vários AGCMs compartilham uma atividade antibacteriana de três passos que agem de modo complementar:

  • Capacidade de criar poros nas células de bactérias devido ao seu equilíbrio hidrófilo-lipófilo similar ao das membranas de lipídio, resultando no vazamento do citoplasma 
  • Aumentar a acidez do conteúdo interno da célula da bactéria por liberar prótons 
  • Neutralizar a replicação de DNA devido à ausência do núcleo da bactéria 

Aromabiotic®, uma história de 20 anos com AGCMs 

Nós realizamos vários testes práticos no mundo todo, nos concentrando no impacto dos AGCMs na criação de suínos. Uma parte significativa desses testes se concentrou no Aromabiotic®, que contém uma taxa equilibrada de diferentes ácidos graxos de C6 a C12. Nós provamos que a eficácia combinada de C6, C8, C10 e C12 é maior do que o uso de apenas um composto, em especial nas condições práticas da criação de suínos, na qual uma grande quantidade de patógenos Gram positivos e Gram negativos podem prejudicar o desempenho dos animais. O uso do Aromabiotic® em diferentes estágios da criação de suínos melhora o desempenho dos animais de modo significativo, como resumido na tabela 1, aprimorando o balanço econômico das granjas.

O que podemos esperar dos AGCMs em um mundo com ameaças virais futuras, como a ASF, PED e PRRS?

Em anos recentes, surtos de vários vírus foram um problema para a indústria suína mundial. Em 2015, a propagação da PED chocou a indústria e agora, quatro anos mais tarde, a ASF está mudando o cenário mundial de criação de suínos. Faz-se necessária uma abordagem bem ampla para lidar com esse tipo de ameaça, incluindo medidas de biossegurança, precauções veterinárias, adaptações nutricionais e medidas de segurança alimentar para impedir a propagação dessas doenças.

A propagação de partículas virais por meio do alimento é uma preocupação crescente nos EUA, tanto no caso do PEDv e da ASF (Nierderwerder et al., 2019). A pesquisa realizada na Universidade Estadual do Kansas (Cochrane et al. 2015) estudou a possibilidade de atenuar a propagação do PEDv na alimentação dos suínos usando AGCMs. A redução da detecção do PEDv no alimento foi obtida de modo mais rápido e com uma eficácia maior (+18%) com AGCMs do que, entre outros produtos, formaldeído.

De modo similar, um estudo colaborativo de dose responsiva da Agrimprove e da Universidade de Gante confirmou o potencial do Aromabiotic® para evitar a invasão dos Macrófagos Alveolares Suínos pelo PRRSv in vitro (Figura 1). A hipótese atual para a atividade antiviral direta dos AGCMs em relação aos vírus encapsulados é que os AGCMs possuem um efeito desestabilizador no encapsulamento virulento desses vírus. Essa hipótese, que ainda exige validação, abriria um novo campo de aplicação para os AGCMs no futuro, visto que muitos patógenos futuros, como a Peste Suína Africana, a Peste Suína Clássica, a PRRS e a PED são vírus encapsulados e podem se espalhar por meio da alimentação.

Os macrófagos alveolares suínos (MASs) dos pulmões de suínos PRRSV-negativos foram pré-tratados in vitro com concentrações crescentes de Ácidos Graxos de Cadeia Média antes de serem expostos ao PRRSv. Depois de 24h de incubação, a porcentagem de células positivas para a invasão do PRRSv for determinada por meio de técnicas clássicas de imunofluorescência (* indica uma diferença significativa a p<0,05).

Especialista Agrimprove

Anne-Laure Ledoux
Global Swine Category Manager