As micotoxinas são metabólitos tóxicos que surgem naturalmente, e que são prejudiciais tanto para os humanos como para os animais. Apesar do progresso em ferramentas de diagnóstico e em soluções, a total prevenção contra as micotoxinas é muito difícil. Uma percepção contínua e uma visão completa da cadeia agroalimentar são necessárias para lidar com o risco das micotoxinas. Indo para mais de 9 bilhões de pessoas em 2050, estamos enfrentando grandes desafios para fornecer uma quantidade suficiente de alimento saudável e seguro para todos. Em termos de segurança, as substâncias tóxicas devem ser evitadas ao máximo para preservar a saúde animal e humana. Porém, quanto mais extremas são as condições climáticas e à medida que a competição entre o alimento para consumo animal e humano aumenta, espera-se que o risco de exposição às micotoxinas aumente.

Do campo para o prato 

A produção de micotoxinas no campo ou durante o armazenamento depende de muitos fatores, incluindo a temperatura, a umidade e de fatores de estresse. Apesar de medidas preventivas, a maioria dos ingredientes para ração está contaminada por pelo menos uma micotoxina. Embora a formação das micotoxinas esteja fortemente correlacionada com regiões geográficas, o comércio mundial resulta na contaminação cruzada da maioria das micotoxinas no mundo todo.

A exposição humana às micotoxinas é causada principalmente pelo consumo direto de alimentos vegetais, como cereais, nozes, sementes e frutas, ao passo que a exposição via alimentos derivados de animais (p. ex., carne, leite e ovos), é bem limitada e de baixa preocupação da saúde pública. Uma exceção é a aflatoxina M1, presente no leite em caso de ingestão da aflatoxina B1 por parte do gado leiteiro. A aflatoxina é carcinogênica, e sua presença no alimento humano e animal é estritamente regulamentada pelas autoridades.. Apesar do risco limitado de as micotoxinas passarem dos alimentos de consumo animal para a cadeia alimentar humana, as micotoxinas podem afetar seriamente a eficiência da produção animal.

A eficácia de qualquer adsorvente de micotoxina deve ser testada por meio de avaliações in vitro e in vivo

A micotoxina na produção animal 

Os problemas com micotoxinas são difíceis de diagnosticar na granja. Na minoria dos casos, as micotoxinas estão presentes em altos níveis de contaminação, resultando em sintomas clínicos. Vômito, vulva inchada, lesões orais e rins inchados são alguns dos sintomas que podem estar relacionados com micotoxinas específicas. Porém, na maioria dos casos, as micotoxinas estão presentes em níveis baixos, resultando em efeitos subclínicos. O resultado é uma (re)produção reduzida e menos eficiente, vulnerabilidade aumentada a doenças e uma saúde geral reduzida. Devido a seus efeitos não específicos, as micotoxinas costumam ser ignoradas como a causa dos problemas e, assim, podem ser consideradas como um risco oculto.

Gestão de risco

Independentemente da região geográfica, a maioria dos produtores do mundo todo reconhece os efeitos das micotoxinas na saúde e desempenho animais. Para lidar com o risco das micotoxinas, um plano de controle costuma ser executado desde o início, com um processo de triagem minucioso para evitar o uso de matérias-primas contaminadas.

Entretanto, apesar dessas medidas, nem sempre é possível evitar as micotoxinas por completo nas rações e seus efeitos negativos sobre os animais. Isso pode ser explicado por vários motivos:

  • A disponibilidade de matérias-primas de alta qualidade depende das condições climáticas de cada ano, das condições e preços do mercado, e das necessidades de formulação 
  • O resultado da triagem da matéria-prima depende muito da qualidade da amostra 
  • Nem todas as matérias-primas são triadas para todas as micotoxinas 
  • Micotoxinas mascaradas não são detectadas durante a triagem 
  • Micotoxinas emergentes podem representar um risco do qual não estamos cientes 
  • Baixos níveis de várias micotoxinas podem resultar em efeitos sinérgicos 
  • As micotoxinas são bastante estáveis e resistentes aos processos de fabricação de rações 
  • É difícil prever as condições específicas da granja 
  • Conhecimento e pesquisa limitados quanto às interações entre as micotoxinas e os patógenos 

Estratégias comprovadas 

Uma estratégia eficaz para evitar efeitos negativos é trabalhar de modo independente das muitas incertezas mencionadas anteriormente. Nesse sentido, o uso de adsorventes de micotoxinas na ração é uma excelente ferramenta, visto que eles capturam quaisquer micotoxinas presentes no trato gastrointestinal, evitando que elas sejam absorvidas pelo animal. Porém, nem todos os adsorventes de micotoxinas são igualmente eficazes. A eficácia de qualquer adsorvente deve ser testada por meio de avaliações in vitro e in vivo para demonstrar uma resposta estatisticamente significativa na prevenção da micotoxicose (Tabela 1). No teste in vivo, não só o desempenho, mas também a proteção dos órgãos-alvos ou biomarcadores relacionados a micotoxinas específicas devem ser avaliados. Ademais, um adsorvente eficaz de toxinas deve apresentar resultados de qualidade consistente no mundo todo e continuar eficaz após os processos de fabricação de ração.

Tabela 1: Efeitos benéficos do Vitafix no desempenho e lesões orais de 
frangos de corte de 10 a 39 dias de idade alimentados com a toxina T-2 

Tratamento Ganho de peso corporal (g) FCR # de aves com lesões orais Incidência de lesões orais* 
Controle  2016 a 1.75 a 1/18 0.50 a
1,25 ppm Toxina T2  1746 b 1.94 b 15/18 28.50 c
1.25 ppm T2 Toxin + Vitafibra 1972 a 1.75 a 5/18 7.50 b

a,b,c Significa dentro de colunas sem sobrescritos em comum diferem significativamente (P≤0,05) Número de aves com lesões orais x gravidade das lesões (pontuação 0-3)

No caso de fábricas de rações, produtores e veterinários, costuma ser um desafio encontrar a verdadeira causa dos problemas. Nem sempre é claro se as medidas preventivas são realmente eficazes. A avaliação das lesões macro e microscópicas na granja ou no abatedouro são uma excelente ferramenta adicional para avaliar o dano das micotoxinas e podem servir para verificar se alguma das medidas preventivas, p. ex., a aplicação de um adsorvente de micotoxinas no alimento, foram eficazes.

As Tabelas 2 e 3 apresentam lesões de órgãos que podem ter sido causadas por micotoxinas em suínos e aves.

Tabela 2: Lesões de órgãos causadas por micotoxinas em aves 

Organs Lesion Cause
Cavidade oral  Úlceras, placas  T2/ MAS/ DAS
Moela  Erosão, úlcera 
Proventrículo  Aumento  Ácido ciclopiazônico 
Fígado  Pálido, gorduroso, quebradiço  Fígado 
Vesícula biliar  Conteúdo pálido 
Peito/ asa/ coxa  Hematomas/ hemorragias 
Rim Inflamação, depósitos urinários Ocratoxina

Tabela 3: Lesões de órgãos causadas por micotoxinas em suínos 

Organs Lesion Cause
Trato gastrointestinal Úlcera, necrose, hemorragia T2
Pulmão Edema Fumonisina
Fígado Hepatose, quebradiço, pálido

Aflatoxina

Estômago Úlcera
Baço Redução de tamanho, cinzento ou esbranquiçado
Esôfago Epithelial desquamation, ulcers Vomitoxin
Estômago Descamação epitelial, reação linfoide, úlcera
Pele Necrose da orelha, necrose do casco, vasos sanguíneos tortuosos Ergotoxina
Rim Nefrose, hipertrofia, manchas brancas na superfície, cistos Ocratoxina
Baço Redução de tamanho, cor cinzenta ou esbranquiçada
Útero Hipertrofia Zearalenona
Ovário Cistos
Vulva Vulvovaginite

Uma abordagem preventiva, incluindo uma grande variedade de aglutinantes de toxinas comprovados da Agrimprove, em combinação com o acompanhamento de patologistas especializados, garante uma sólida estratégia para vencer a batalha contra as micotoxinas.

Especialista Agrimprove

Josep Garcia-Sirera
Product manager